Por Clara Brito, Dener Orleido, Hudson Portela e Leonardo Farias
Suposto esquema de corrupção no Distrito Federal foi deflagrado pela Polícia Federal em novembro de 2009. O vídeo acima contém uma retrospectiva com o escândalo político. A entrevista abaixo, feita por Dener Orleido com o jornalista Antonio Alves, do site Esquina's Brasil comenta sobre o caso e mostra como foi a produção de sua matéria.
Dener Orleido: Como se deu a colaboração do ex-secretário que fez com
que o caso viesse à tona?
Antonio Alves: Durval Barbosa, o delator, usou o direito a uma pena menor
em outros casos de corrupção em que era investigado. Ele [Durval] colaborou com
o MPDFT repassando as informações sobre um esquema de corrupção dentro do GDF.
Mas o que realmente interessava ao Durval era a redução de pena em qualquer
condenação. Durval foi orientado por um jornalista conhecido como Sombra.
D.O.: Quais foram os efeitos imediatos do caso “Caixa de
Pandora”?
A. A.: Como as provas que ele [Durval] apresentou eram válidas, e
tornaram-se públicas, começou um jogo político com intuito de enfraquecer o
escândalo. Na Câmara Legislativa iniciou
o processo de cassação dos distritais citados.
D.O.: O que aconteceu com os envolvidos com o escândalo?
A.A.: Alguns dos políticos envolvidos renunciaram dos cargos, por
exemplo, Eurides Brito que sumiu do cenário político do DF. Jaqueline Roriz tornou-se deputada Federal e
em votação secreta na Casa foi definido que ela não tinha cometido decoro
parlamentar. O próprio Arruda que ficou preso por causa do escândalo tenta
voltar a vida política e pensa disputar as eleições para o governo do DF.
D.O.: Qual era a base da defesa dos envolvidos?
A. A.: Informavam que o dinheiro que recebiam de Barbosa era sobra
da campanha ou eram doações que seria usado em ações sociais.
D.O.: Qual foi o desfecho do caso?
A. A.: Político: cassação, renúncia e o saída do cenário político
do DF.
Jurídico: Ainda está sendo julgado pela Justiça.
D.O.: Como reagiria o novo governo provisório, vindo logo após
o escândalo?
A. A.: Tentou acabar com os contratos que estavam envolvidos no
escândalo, começou uma campanha para que ocorresse transparência nos negócios
do GDF
D.O.: Como foi o processo de apuração da notícia? E, como foi a construção da matéria?
A. A.: Na época estava em um jornal de pequeno porte de Taguatinga,
e é claro, as grandes mídias tiveram acesso as informações com mais facilidade.
Tentamos ouvir os envolvidos na investigação, poucos fizeram declarações
pessoalmente, a maioria falava através de seus advogados ou insistiam na frase
“corre em segredo de justiça” para fugir das entrevistas.
Alguns documentos e os vídeos se tornaram públicos, o que
foi a base para a construção das matérias. Claro, até hoje não foram divulgadas todas as
gravações feitas por Durval, pois ele usa essa informações para negociar penas
menores em caso de condenação.
O efeito dessa investigação chegou a derrubar um diretor da
Polícia Civil do DF, o qual era amigo a mais de 30 anos de Durval Barbosa, e
era o sonho pessoal e profissional chegar ao cargo.
*Para
a produção do vídeo e entendimento do caso, foi utilizada uma segunda fonte de
pesquisa, o jornal impresso “Correio Braziliense”.